No fim de ano todo mundo começa a falar: “Feliz Natal, feliz ano novo!”. Mas, ser feliz, como? O sujeito passou o ano todo quebrando a cara, reclamando da mulher, batendo nos filhos, lutando contra o desemprego, sendo humilhado pelos patrões, e aí chega o fim do ano e todo mundo diz: “Seja feliz!”. E aí o sujeito tem de estampar um sorriso alvar no rosto, uma baba simpática, um olhar vazado de luz bondosa, faz uma arvorezinha de Natal com bolotas coloridas, mata um peru magro e pensa: “Sou feliz! O ano que vem, vai melhorar!”.
Felicidade muda com a época. Antigamente, a felicidade era uma missão, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros, a felicidade demandava o “sacrifício”, a luta por cima de obstáculos. Felicidade se construía — por sabedoria ou esforço criávamos condições de paz e alegria em nossas vidas.
Hoje, felicidade é ser desejado. Felicidade é ser consumido, é entrar num circuito comercial de sorrisos e festas e virar um objeto de consumo. Hoje, confundimos nosso destino com o destino das coisas... Uma salsicha é feliz? Os peitos de silicone são felizes?
A felicidade não é mais interna, contemplativa, não é a calma vivência do instante, ou a visão da beleza. A felicidade é ter um “bom funcionamento”. Marshall McLuhan falou que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos. Hoje, inverteram-se. Nós é que somos extensões das coisas. Fulano é a extensão de um banco, sicrano comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liquidificador. Assim como a mulher deseja ser um objeto de consumo, como um eletrodoméstico, um “avião”, uma máquina peituda, bunduda. Claro que mulheres lindas nos despertam fantasias sacanas mas, em seguida, pensamos: “E depois? Vou ter de conversar... e aí?”. Como conversar com um “avião” maravilhoso, mas idiota? (Aliás, dizem que uma das vantagens do Viagra é que, esperando o efeito, os homens conversam com as mulheres sobre tudo, até topam “discutir a relação”).
Mas o homem também quer ser “coisa”, só que mais ativa, como uma metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente e, mais que tudo, um grande pênis voador, pássaro superpotente, mas irresponsável, frívolo, que pousa e voa de novo, sem flacidez e sem angústias. Seu prazer é cumulativo, feito de apropriações indébitas, dando-lhe o glamour de uma eterna juventude que afasta a idéia de morte ou velhice.
E eu não falo isso como crítica. Não. Eu tenho inveja, a verde, viscosa e sinistra inveja dessa ausência de angústia, dessa ignorância gargalhante que adivinho sob os seios de mulheres gostosérrimas ou nos peitos raspados de garotões lindos. Quero ser feliz, mas carrego comigo lentidões, traumas, conflitos. Sinto-me aquém dos felizes de hoje. Posso ter uma crise de depressão em meio a uma orgia, não tenho o dom da gargalhada frouxa, posso broxar no auge de uma bacanal. Fui educado por jesuítas e pai severo, para quem o riso era quase um pecado. O narcisismo de butique de hoje reprime dúvidas e tristezas óbvias. Eles têm medo do medo e praticam uma espécie de fobia eufórica, uma síndrome de pânico ao avesso: gargalhadas de pavor. E ainda atribuem uma estranha “profundidade” a esta superficialidade, porque, hoje, esse diletantismo tem o charme raso de ser uma sabedoria elegante e “pós-tudo”.
Mas falo, falo e não digo o essencial. Hoje, a felicidade é entrar num pavilhão de privilegiados. Eu queria não pensar, queria ser um imbecil completo sem angústias — meus inimigos dirão: “Você tem tudo pra isso. Sou uma esponja que se deixa tocar por tudo, desde a crise da dívida pública até o muro da Cisjordânia. Lembro a personagem de Eça de Queiroz que dizia: “Como posso ser feliz se a Polônia sofre?”
Hoje, a felicidade está na relação direta com a capacidade de não ver, de negar, de “forcluir”, como dizem os lacanianos. Felicidade é uma lista de negativas. Não ter câncer, não ler jornal, não olhar os meninos miseráveis no sinal, não ver cadáveres na TV, não ter coração. O mundo esta tão sujo e terrível que a felicidade é se transformar num clone de si mesmo, num andróide sem sentimentos, sem esperança, sem futuro, só vivendo um presente longo, como uma rave sem fim. Pedem-me previsões para o ano que vem. Tudo pode acontecer. Quem imaginaria o 11 de Setembro?
Osama nos legou o fatalismo dos árabes. Daqui para frente, teremos de aprender com eles a dizer: “Maktub!” — tudo estava escrito, nada nos surpreenderá mais. Só nos restam a orientalização, a religião evangélica louca ou a “objetificação” do consumo. Ou, então, viver a felicidade das pequenas coisas. Outro dia, eu estava comendo uma empada de palmito na porta da Globo (na Kombi do Bigode, que faz as melhores empadas do mundo) quando, sem quê nem para quê, fui invadido por uma infinita ventura, uma felicidade que nunca tive. Durou uns minutos. Não sei a razão; acho que foi um protesto do corpo, um cansaço da depressão. Mas, logo depois, passou e voltei ao duro show da vida.
Hoje felicidade é o brilho de um solitário que suga o prazer, sem conflitos, sem afetos profundos, mas sempre com um sorriso simpático e congelado, porque é mais “comercial” ser alegre do que o velho herói dos anos 60, que carregava a dor do mundo. O herói feliz acha que não precisa de ninguém, que todos devem se aprisionar em seu charme, mas ele, a ninguém. Para o herói criado pela mídia, o mundo é um grande pudim a ser comido. Feliz Natal e feliz ano novo.
Palmas para Juliana Araujo,
que deu uma pirueta às 7:04 PM
Durante uma festa de arromba, o anfitrião, já cheio de cana, gritou para a multidão:
Pessoal .. eu não queria dizer uma coisa pra vocês... mas é que a minha piscina é mágica!!!
A turma, pensando que era delírio do dono da casa, começou a rir.
Nisso, o cara sai correndo, dá um pulo na piscina e grita:
CERVEJA!!!
A água vira cerveja, o cara nada, vai bebendo e, ao sair do outro lado, a piscina volta ao normal.
Um italiano, abobado com o que estava presenciando, também sai correndo, dá aquele salto e grita:
VINHO!!
E a água se transforma em vinho. Ele nada, sai do outro lado bebendo e, novamente, a água volta ao normal.
Um francês vai lá, dá um pulo para dentro da piscina e grita:
CHAMPAGNE!!
E a água vira champagne!! O francês nada, se esbalda, e sai.
O portuga, vibrando de emoção, sai correndo e, quando vai pular, sua mulher
grita: Manoel! Estais com o "celulaire" e a "cartaira" no bolso!!!
E o português grita:
PORRAAAAAA!!!!
Palmas para Juliana Araujo,
que deu uma pirueta às 10:20 PM
Post emo, depois de conversas com o Fred e com o Fernando...
Hohoho, Feliz Natal aos berros, Papais Noéis tropicais por todos os lados, liquidações, presentes, muvuca. Argh. Essa época do ano me dá uma tristeza da porra. Sempre lembro de mil coisas, mil pessoas, épocas que agora, depois de tantos anos, parecem boas, talvez simplesmente porque não existem mais e muito menos podem voltar... Daí que lembrei que no último Natal e no último Reveillon a palhaçada toda do blog tava reunida, bando de amigos fodas, todos juntos. E hoje, o que somos? Fim de festa, circo desmontando, pierrot chorando. Oh. Mas é sério, acabou a folia, agora não tem mais carnaval, não tem mais festa entre nós. Todo mundo disperso, todos longes, afastados, e nem é só o Rafa, que mora longe. Caralho, pessoas, vocês fazem uma puta falta, cada um de vocês é um pedacinho importante da minha vida, e não é só nesses dias. Quero muito todo mundo por perto de novo, viu amigos?
:~~~
PS Amo vocês.
Palmas para Juliana Araujo,
que deu uma pirueta às 7:22 PM
quarta-feira, dezembro 10, 2003
E hoje é o...
DIA DO PALHAÇO!
Parabéns para nós!
Palmas para Fred Leal,
que deu uma pirueta às 2:03 PM
SINGELO
Amigo (4:14 AM) :
é que eu não gostava, me perdia... eu não dou pra Jornalista mesmo...
Amigo (4:16 AM) :
não dou pra ninguem, mas isso não vem ao caso...
Kamille (4:16 AM) :
hahahaha
Kamille (4:16 AM) :
bem, eu nao vou falar nada... de o que quiser...
Amigo (4:17 AM) :
a unica coisa que eu deou mesmo é o meu...
Amigo (4:17 AM) :
coração...
Kamille (4:17 AM) :
ohhh
Kamille (4:17 AM) :
q meigo
Kamille (4:17 AM) :
uns 20 real pra interar nem pensar, ne?
Amigo (4:17 AM) :
hahahahahaahah
Palmas para Kamille,
que deu uma pirueta às 3:15 AM
terça-feira, dezembro 09, 2003
Pô, queria eu ter pelo menos um décimo terceiro ou um papai que me bancasse...
Depois da venda de passagens a um real, a Gol Transportes Aéreos começa no dia 19 uma promoção para vôos noturnos durante o período de férias de verão. Apelidados pela própria empresa de “vôos vaga-lume”, as tarifas concorrem com os valores cobrados pelas empresas de ônibus. O trecho Rio-São Paulo, partindo do aeroporto Tom Jobim com chegada em Cumbica, está à venda por R$ 50, enquanto nos ônibus custa, em média, R$ 47, na classe executiva.
— Decidimos lançar os vôos para aproveitar melhor duas aeronaves que temos, uma em Recife e outra em Porto Alegre, que ficam paradas durante toda a madrugada. Mais do que isso, a nova operação vai dar oportunidade de viajar de avião, a preços baixos, àquelas pessoas que não têm restrições de horário e que normalmente usam o ônibus para destinos no Nordeste e Sul do país. Neste perfil se encaixa principalmente o público jovem — explicou Tarcísio Gargioni, vice-presidente de Marketing e Serviços da Gol.
Previsão é de 70% de ocupação dos aviões
A venda de bilhetes começou na última sexta-feira, apesar de os vôos só entrarem em operação no dia 19. A promoção é válida até 29 de fevereiro de 2004, apenas para compras pela internet, feitas no site da Gol. Os vôos têm saídas entre 22h40m e 6h.
— Apenas os trechos com destino a Florianópolis, Porto Seguro e Vitória têm saídas nos fins de semana e não fazem parte da rota preliminar: a do avião que sai de Recife, com escalas em Salvador, Rio, Guarulhos e Porto Alegre e a do avião que deixa Porto Alegre fazendo o caminho inverso. Esperamos uma taxa de ocupação de 70% nos aviões de cerca de 174 lugares. Serão 500 trechos voados até o fim da promoção — prevê Gargioni.
Para comprar um bilhete de avião com preço quase igual ao de um ônibus, no entanto, existem restrições. A principal delas é o tempo de permanência na cidade de destino. Quem sai do Rio para Recife paga R$ 209 se permanecer o mínimo de cinco noites na cidade nordestina e R$ 251 se pretende ficar pelo menos duas noites. Se o trecho escolhido for Rio-Porto Alegre, o bilhete varia de R$ 179 a R$ 215, dependendo do número de dias de viagem.
A iniciativa da Gol não é nova, lembrou ontem um executivo ligado às empresas do setor. Segundo ele, Transbrasil e Vasp já voaram de madrugada com tarifas reduzidas, uma alternativa para não deixar os aviões parados nos hangares. A Transbrasil teria até batizado o vôo de Ônibus Noturno Aéreo (ONA).
Palmas para Juliana Araujo,
que deu uma pirueta às 8:57 PM
Algum nerd do blog pode ajeitar os comentários?
Palmas para Kamille,
que deu uma pirueta às 1:22 AM
Alemão de 42 anos conta em seu julgamento como matou e comeu engenheiro com seu consentimento
The Independent
AFP
BERLIM - Vestido num terno preto e usando uma respeitável gravata em preto e branco Armin Meiwes, de 42 anos, sentou com calma no banco dos réus de um tribunal da cidade alemã de Kassel e disse aos juízes que matou um homem e depois o comeu.
- Me sentia completamente sozinho. Queria ter um irmão imaginário. Sonhava com alguém como o adolescente Sandy da série de TV americana Flipper - disse Meiwes à corte.
E então, o chamado ''canibal de Rotenburgo'' explicou exatamente o que significava para ele ter um irmão:
- As fantasias eram sempre as mesas: abri-lo, tirar o intestino e cortar a carne em pedaços.
O alemão, que esteve ontem no banco dos réus pela primeira vez desde sua prisão, em dezembro do ano passado, é acusado de usar a internet para procurar um ''homem jovem para verdadeiro abate e consumo'' e de assassinar sua vítima, Bernd Jurgen Brandes, para ''satisfação sexual''.
Durante a audiência de ontem, o réu confessou ter matado Brandes, de 41 anos, na sua casa em março de 2001 e logo ter comido partes do corpo do morto, cujo restante foi congelado por ele. Antes de matar a vítima, Meiwes cortou o pênis de Brandes e os dois o comeram frito.
- Beijei-o mais uma vez, rezei, também pedi perdão e o esfaqueei - disse Meiwes, confirmando que foi a própria vítima que pediu para que tivesse o pênis cortado. - Ele me disse: ''Quando eu estiver cansado, corta ele fora. Eu quero ter essa experiência. Então, quando eu estiver inconsciente, esfaqueie-me até a morte''.
O julgamento, que parece ser o primeiro caso na história legal envolvendo um canibal confesso e aparentemente uma vítima cúmplice, chocou a opinião pública, atraiu a atenção do mundo todo e deixou a Justiça alemã com um problema legal aparentemente insolúvel.
A corte ouviu como um ex-especialista em informática, que morava sozinho numa casa de fazenda de 44 cômodos perto da cidade de Rotenburgo, começou a colocar anúncios na internet procurando a vítima adequada no início de 1999, com o pseudônimo ''Franky, o açougueiro mestre''. Dezoito meses depois, ele se interessou por Brandes, um engenheiro de computação solteiro de Berlim, que trabalhava para a gigante eletrônica alemã Siemens.
O promotor Marcus Koehler descreveu Brandes como um indivíduo que ''sofria de graves problemas psicológicos e mostrou um desejo de se destruir''. O advogado de Meiwes disse que a vítima ''não agüentava esperar para ser comida''.
Os dois homens finalmente se encontraram em 9 de março, na casa de Meiwes. Numa entrevista à revista alemã Stern, o réu descreveu como Brandes se drogou com pílulas para dormir e duas garrafas de um outro remédio antes do início do ritual de canibalismo.
Ele contou à revista como os dois se acariciaram no chão da sala especialmente planejada para o abate, no sótão da casa antes de Brandes pedir-lhe para que ''cortasse a coisa fora''.
Miewes então pegou uma faca de cozinha, cortou o pênis de Brandes, o dividiu em dois e fritou as duas partes. Ambos comeram o órgão amputado com sal, pimenta e alho. O réu disse à Stern que o a carne era ''dura e impalatável''.
Harald Ermel, o advogado de Meiwes, disse ontem que Brandes demorou quase 10 horas para morrer e pediu várias vezes ao réu que continuasse a cortá-lo. Depois de morto, seu corpo foi cortado em pedaços e armazenado no freezer.
- Ele acha que comeu até 20 quilos da carne. Descongelava pouco a pouco e comia. Restavam apenas 10 quilos quando a polícia o encontrou - disse seu defensor.
Tony Paterson - [04/DEZ/2003]
Palmas para Juliana Araujo,
que deu uma pirueta às 10:35 AM
terça-feira, dezembro 02, 2003
Legal esse texto que saiu no 02 Neurônio, mas acho que ela não entendeu o espírito da coisa. Acho que vou fazer um Manual prático do jornalismo Orlando Orfei ou Como mandar um 'Orlando Orfei'.
Como ser vip por Jô Hallack
V.I.P. A siga significa "Very Important Person". Ou seja, uma pessoa muito importante, infuente, de prestígio. O mundo (ou pelo menos o mundinho) de hoje vive a cultura dos vips. Todo mundo quer ser um. Quem não é - e por não ser vip entenda-se ir em eventos de graça e ficar num lugar melhor do que os outros que pagaram, receber brindes e salgados gordurosos e por aí vai - fica mal e acaba gastando uma nota na análisa para melhorar a auto-estima.
Mas na cultura da exclusão, você também pode ser vip rapidamente. Sem precisar puxar o saco de ninguém
- Vá na 25 de março ou no Saara e compre aquelas pulseiras vips, coloridinhas de plástico. Presentei seus amigos e passe a circular sempre com elas. As pessoas sempre pensarão que você acabou de voltar de um evento para poucos. Se alguém descobrir, diga que você estáva customizando o adereço. Também vai pegar bem
Quanto menos gente pode ir, mais gente quer ir. Se só pode entrar com uma credencial, todo mundo quer entrar desesperadamente. Mesmo que seja para entrar dentro de um lugar horrível. Simples: faça um evento no lavabo da sua casa. Você e seus oito melhores amigos. Você vai se sentir importante!
Ligue para um escritório de RPs e mande um caô: Olá, aqui é a secretária da Malu Mader. Eu queria avisar que ela mudou de endereço. E dê o seu! Até a farsa ser revelada, você já terá comido muito de graça. E começará a se convidado de verdade, porque as pessoas vão pensar que você é importante!
Outro truque: ligue para os escritórios de RP e diga: Olá, é a secretária de fulano (use seu nome mesmo) e estou ligando para confirmar sua presença. Os RPs podem ficar sem graça e colocar seu nome na lista.
Vá para a porta da sala vip e finja que você está saindo da sala vip. E entre de costas. Ou senão, molhe a mão do segurança.
Depois deste guia, quando você já tiver se humilhado bastante e ainda cometido crimes como falsa identidade, você perceberá que ser vip não é tão legal assim. Afinal, um cento de coxinhas nem é tão caro!
Palmas para Kamille,
que deu uma pirueta às 11:26 PM